
O Santo Padre Bento XVI dirigiu a toda a Igreja a sua Mensagem para esta Quaresma. Compete-me a mim concretizá-la para a Igreja de Lisboa, tendo em conta as suas características, dinamismos e fragilidades, anseios e dificuldades, no contexto das opções prioritárias da nossa acção pastoral.
O desafio global que cada Quaresma nos apresenta é assim enunciado pelo Santo Padre: “A Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor da nossa identidade de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus, a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos”.
Este desafio com que abre a sua Mensagem completa-o nas palavras com que a encerra: “Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor”.
Este é o objectivo único de toda a acção pastoral orientada para o crescimento da Igreja, Povo do Senhor: converter-nos a Jesus Cristo, segui-l’O como discípulos, abrir-nos ao amor que Ele nos comunica e que conduzirá toda a nossa vida. (...)
A Conversão
A realidade do pecado tem vindo a ser relativizada na consciência dos cristãos e na cultura que nos envolve, o que diminui o sentido da necessidade e da urgência da conversão. Trata-se de uma ilusão perigosa: não vencer o pecado no nosso coração, impede verdadeiramente que o abramos para novos horizontes do sentido da vida, da felicidade, do amor e da verdade fundamental da nossa relação com Deus: glorificá-l’O e amá-l’O sobre todas as coisas, para podermos rezar com verdade a oração que o Senhor nos ensinou: “seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu”. (...) Esta Quaresma é ocasião para, cada um de nós, avaliar a realidade do pecado na sua vida, e encetar o caminho da conversão, do regresso a Deus.
A fé
A fé é a atitude decisiva e constitutiva da existência cristã: quando ela falha ou enfraquece, tudo falha ou se relativiza. É uma atitude do coração, que envolve a inteligência e a vontade, que se abandona totalmente, na confiança, a Deus que Se nos manifestou. Foi por isso que, desde o início do cristianismo, homens e mulheres mudaram radicalmente a sua vida, deixaram tudo e seguiram Jesus.
No centro desta atitude está a presença irrecusável do Deus vivo, através do Seu Filho Jesus Cristo. Antes de ser um programa de vida, a fé é uma obediência de amor. “A Deus que Se nos revela é devida a obediência da fé”, diz o Concílio (cf. Dei Verbum, nº 5). A fé é a principal atitude que Deus nos pede e é, na sua génese, um acto de adoração de Deus. (...)
A Caridade
Já vimos que a fé é, em si mesma, uma expressão da caridade enquanto acto de adoração e de louvor de Deus. Amar a Deus sobre todas as coisas e cada vez melhor, será exigência contínua da fé. Não há autêntica vida de fé sem adoração e louvor a Deus.
Mas a partir do amor de Deus, a fé abre-nos para o amor dos irmãos. Viver em Igreja é desafio de viver, com os irmãos, em comunhão de amor. Não se pode, com verdade, amar a Deus que não se vê, se não amarmos os irmãos que vemos e que Deus ama.
O Santo Padre convida-nos, nesta Quaresma, a concretizar este amor fraterno na “esmola” como partilha do que temos e somos. A “esmola” de quem pode partilhar, supõe a pobreza do coração para saber partilhar. Dar aos pobres só é expressão da caridade se tivermos “um coração de pobre”.
(...) O dar a quem não se conhece é expressão do silêncio que o Senhor aconselha a quem dá. Desses irmãos longínquos e desconhecidos, não estamos à espera de nada em troca. Mas isto não nos dispensa de estarmos atentos aos irmãos que vivem a nosso lado.
A Esperança
A Quaresma é tempo de análise da nossa esperança. Não estará o nosso coração demasiadamente fixado nos bens deste mundo? Acreditamos e desejamos a vida eterna? Só assim poderemos celebrar a Páscoa como a festa da vida, o abrir definitivo do horizonte da verdadeira esperança. A esperança limitada aos horizontes deste mundo não responde aos mais profundos anseios do coração humano. Se esperamos apenas os bens deste mundo não valia a pena Cristo ressuscitar e de nos ressuscitar com Ele.
Lisboa, 2 de Fevereiro de 2008, Festa da Apresentação do Senhor.
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca
4 comentários:
Olaa!
Venho fazer o meu primeiro comentário ao blog...mas escolhi só uma parte senão ficava um comment gigante xD
Naquela parte da família procurar a felicidade individualmente...essas pessoas nao vao encontrar felicidade dentro da familia cada um para seu lado...todos em conjunto sim!...ajudar as pessoas que se ama a ficarem felizes e ficar igualmente feliz com a felicidade delas.
Tá fraquinho mas é só por dizer que já mandei um comentário xD
Pedro Antunes (JC durante mais ou menos o proximo mês xD)
Eu fiz um comentario a este texto mas ele foi remodelado e ja nao tá o que eu comentei xD
Pedro Antunes
Boa PEDRO!
Desculpa lá a alteração ao texto mas teve de ser. contínua :D
Sérgio
Olá meus amigos...
Eu não tenho ido ao grupo de jovens por inúmeros motivos.
sou capaz de aparecer lá um dia destes...mas não prometo nada....é só para avisar a causa do meu desaparecimento ok?
Beijos e Abraços
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